Os últimos resultados das eleições para as prefeituras nas mais diferentes cidades do Brasil e para a presidência nos Estados Unidos confundiram totalmente os meus pensamentos, a minha mente, o Tico e o Teco que teimam em não se encontrar mais com tanta frequência. Sei que o voto é soberano, que a voz do povo é a voz de Deus (como sou ateia) e que a vontade das urnas deve e precisa ser respeitada e honrada. Jamais pensei, penso e pensarei de outra forma. Mas não concordo muito com a afirmação de que cada povo tem o governo que merece. Ah! Não! Eu não carrego essa culpa. #ProntoFalei.
Então, só com muita música, com uma intensidade surpreendente desde o final do segundo turno da eleição majoritária deste ano em Porto Alegre, para não enlouquecer de vez. Falo que é uma intensidade maior porque sou uma assídua consumidora de dois passatempos que ocupam muito minhas horas de folga, que são muitas, e também os momentos em que estou em casa realizando alguma atividade: assistir o maior número possível de noticiários e escutar música sempre.
Mas, para amenizar um pouco a angústia com os resultados citados acima, que indicam uma tendência preocupante de domínio de partidos de centro-direita e direita no Brasil e com a vitória de Trump, nos Estados Unidos, que é um recado para as democracias do mundo, essa que vos escreve mergulha nas músicas.
E vamos de Caetano que canta: "alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial". No entanto, olhando os números finais do cenário eleitoral em Porto Alegre, cidade em que nasci, vivo e gosto (e por isso, imagino ter um certo conhecimento para "palpitar"), tenho certeza que eu estou fora da nova ordem mundial. Por mais que defendam que a candidata Maria do Rosário não era o nome ideal, tinha rejeição e blá, blá, blá, nada justifica reeleger um prefeito que nada fez em quatro anos de administração e passou a campanha prometendo fazer o que não fez.
Claro que há uma análise mais profunda e coerente que os cientistas políticos devem fazer com propriedade para explicar os resultados. Só que assim como lá nos Estados Unidos, considerando, evidente, as imensas diferenças econômicas, sociais, geográficas e sistemas eleitorais, o recado das urnas aqui no Brasil me parece objetivo. Os partidos de esquerda precisam, com urgência, repensar suas atuações, retomar imediatamente o contato com suas bases e, principalmente, reforçar o envolvimento com a classe média, e trabalhar com veemência com parcela significativa da população que vem sendo manipulada garantindo vitórias de nomes pouco comprometidos com a democracia.
Enquanto 2026 não chega e com ele uma nova e importante eleição, eu sigo cantando: "pare o mundo que eu quero descer, que eu não aguento mais escovar os dentes com a boca cheia de fumaça...você acha graça porque se esquece que nasceu numa época de conflitos entre raças..."
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