Autoridades de três instituições receberam relatos de que policiais militares acobertavam e até se envolviam em coações a trabalhadores submetidos a trabalho análogo à escravidão na colheita da uva. Um grupo de 207 safristas que atuava nessa atividade em Bento Gonçalves, na Serra, submetido a condições degradantes num alojamento, foi encontrado por uma força-tarefa da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ministério do Trabalho, PF e Ministério Público do Trabalho (MPT) na semana passada, após alguns deles fugirem de um alojamento de onde eram proibidos de sair. O homem que contratou os empregados para a safra e os mantinha em locais precários chegou a ser preso em flagrante, mas foi libertado após pagar fiança.
Dos 207 safristas, 198 são baianos. Eles foram contratados por Pedro Oliveira Santana, um empresário, também baiano, radicado em Bento Gonçalves, que faz intermediação de mão de obra para diversas atividades na serra gaúcha. Nos depoimentos prestados às autoridades, alguns trabalhadores que fugiram disseram ter sido espancados e ameaçados de morte por PMs. Conforme os relatos, os policiais teriam um acordo com o proprietário do alojamento, pelo qual eram chamados para coagir e reprimir os safristas, em casos de brigas ou de reclamação.
Os depoimentos têm sido encaminhados para a Polícia Federal e a Brigada Militar. Nos relatos, são mencionados dois soldados, mas o número pode ser maior, já que há outros indícios de que policiais fariam serviço particular para empresários da região serrana.
A Corregedoria da BM abriu investigação sobre os episódios, que também são averiguados pela Polícia Federal
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